Pages

Recebemos este selinho da Zuca do Blog http://vidadeprofa.blogspot.com Muito obrigada, colega! Continuando a Ciranda, indicamos: Vida de professora NOSSA TURMA NA INTERNET Dicas de Português Professora Genis Brincando de ser escritor

domingo, 11 de setembro de 2011

Vícios de linguagem


Vícios de linguagem configuram os desvios à variante padrão 
Vícios de linguagem configuram os desvios à variante padrão


Ao discutirmos acerca dos desvios linguísticos, devemos analisar alguns pontos que sobressaem nessa questão. Como seres eminentemente sociais, estamos inseridos a todo o momento nas diversas circunstâncias comunicativas, as quais nos conduzem a agir de formas diferentes, sobretudo no que tange ao nosso linguajar, por exemplo, quando participamos de uma conversa informal entre os amigos, de uma entrevista de emprego, de concursos e exames avaliativos...
Tal fato nos remete tão somente à ideia de adequação. Pensando no nosso vestuário, cujo traje se adequa aos diferentes momentos do nosso cotidiano, o mesmo ocorre com nosso posicionamento enquanto interlocutores. Essa realidade se ajusta ao avanço dos estudos linguísticos, sobretudo da Sociolinguística, que prefere trabalhar não mais com a noção de erro, mas com a ideia referente a desvios em relação a uma variante – a chamada norma padrão. Esses desvios, quando desprovidos de certa intencionalidade, configuram a falta de domínio por parte do emissor ou muitas vezes em razão de um simples descuido. Mas, afinal, quando são intencionais o que ocorre?
Tomamos, pois, como exemplos, duas ocorrências: uma relativa à música e outra relativa a uma criação poética, ambas expressas as seguir:
Pronominais
Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro

                    Oswald de Andrade
Inútil
A gente não sabemos
Escolher presidente
A gente não sabemos
Tomar conta da gente
A gente não sabemos
Nem escovar os dente
Tem gringo pensando
Que nóis é indigente...
[...]

                           Ultraje a rigor
Constatamos dois evidentes desvios, um no que tange à concordância verbal (letra musical) e outro no que se refere ao uso do pronome oblíquo, demarcado no início do período (poema). Diante disso, resta-nos compreender que se trata da licença poética, concedida à classe artística de uma forma geral, no sentido de embelezar, conferir um caráter enfático à mensagem, bem como revelar pensamentos e posturas ideológicas por parte do autor.
Pois bem, munidos dessas percepções, por vezes salutares, passaremos a conhecer a partir de agora alguns casos que ilustram ocorrências tidas como desvios:
Pleonasmo vicioso
Diferentemente do pleonasmo contido nas figuras de construção ou sintaxe, há o pleonasmo vicioso cuja característica se refere à repetição desnecessária de uma ideia antes expressa:
Com o barulho estrondoso, imediatamente todos saíram para fora. 
Barbarismo
Caracteriza-se pelo desvio à norma culta, manifestado nos seguintes níveis:
1) Pronúncia
a) Silabada – refere-se ao deslocamento do acento tônico de uma determinada palavra, como por exemplo:
No documento constata apenas a rúbrica (em vez de rubrica) do comprador.
b) Cacoépia – configura-se como um erro na pronúncia dos fonemas, tal como no exemplo:
Esse é um probrema (em vez de problema) que temos de resolver.
c) Cacografia – manifesta-se pelo desvio no que se refere à grafia ou flexão de uma dada palavra, veja:
Se o delegado detesse (detivesse) todos os marginais, haveria mais segurança.
Nós advinhamos (adivinhamos) que você viria.   
2) Morfologia:
Se ele ir (fosse) conosco, gostaríamos bastante.
3) Semântica
Os comprimentos (cumprimentos) foram destinados ao vencedor do concurso.
4) Estrangeirismos – refere-se ao emprego de palavras pertencentes a outros idiomas quando já existe um termo equivalente na língua portuguesa:
Comemoraremos seu aniversário em um happy hour (final de tarde).  
Como foi seu weekend? (fim de semana)
Solecismo
Configura um desvio em relação às regras da sintaxe, podendo ser de três ordens:
a) de concordância:
Falta cinco minutos para partirmos. (faltam)
b) de regência:
Obedecemos todas as normas prescritas pela empresa. (obedecemos a...)
c) de colocação:
Farei-te uma homenagem. (far-te-ei...)
Ambiguidade ou anfibologia
Manifesta-se pela falta de clareza contida no discurso:
O guarda conduziu a idosa para sua residência. (residência de quem? Dela ou do guarda?). Assim, de modo a evitar tal ocorrência, o discurso teria de ser reformulado:  
O guarda conduziu a idosa até a casa dela. 
Cacofonia
Manifesta-se pelo encontro de sílabas de palavras diferentes, resultando numa terceira palavra cujo som é desagradável ou inconveniente:
Eu vi ela no supermercado. (Eu a vi no supermercado)
Beijou na boca dela. (Beijou-a na boca)
Eco
Caracteriza-se pela utilização de palavras com terminações iguais ou semelhantes na frase, provocando dissonância:
Sua atuação causou comoção em toda a população.
Colisão
Ocorre quando há dissonância por parte da repetição de consoantes iguais ou semelhantes:
sabido sempre sabe. 
Hiato 
Manifesta-se pela sequência de palavras cujos fonemas vocálicos produzem efeito sonoro desagradável:
Ou eu, ou ela ooutra. 

Por Vânia Duarte
Graduada em Letras

0 comentários:

Postar um comentário